domingo, 16 de março de 2008

Uma notícia que não podia faltar num blogue de tapetes de arraiolos

25 Novembro 2007

Arraiolos made in China

GATO POR LEBREChegaram há cerca de 20 anos, com as grandes superfícies, custam menos de metade do preço e agora até já têm a qualidade dos verdadeiros. Mas cuidado, em Arraiolos há casas a falsear o jogo: tiram a etiqueta made in China e vendem tapetes chineses como se fossem portugueses. E ao preço dos genuínos!Mas agora falamos de artesanato, dos produtos genuínos de um país, de uma das mais ricas peças que Portugal tem para oferecer ao mundo: os tapetes de Arraiolos. A sua forma, o seu desenho, o trabalho que dão às tapeceiras oferecem-lhe estatuto de peça de museu. E também de artigo de luxo a custar fortunas.
Pois esses típicos tapetes já há muitos anos que também são produzidos na China. Mas se antes as cópias não tinham grande qualidade, hoje até os especialistas enfrentam dificuldades para distingui-las dos verdadeiros, ou seja, identificar os genuínos tapetes de Arraiolos e os tapetes feitos em ponto de Arraiolos.
Mesmo naquela localidade alentejana há alguns comerciantes sem escrúpulos que vendem o produto chinês como genuíno. Isto é, ao preço do verdadeiro, bem mais caro do que aquele que se pode encontrar nas grandes superfícies com a respectiva etiqueta made in China. Vendem gato por lebre.
As grandes superfícies
Começou devagar a ofensiva dos tapetes chineses. Foi há cerca de 20 anos que os primeiros chegaram a Portugal. «O tapete de Arraiolos é um produto caro. E devem ter sido as grandes superfícies que começaram a vender o tapete chinês. Elas não podiam vender o produto original a preços competitivos. Por isso, começou a produção em massa na China, talvez por elas incentivada», conta ao SEXTA o gerente da Tricana, uma das mais prestigiadas casas de tapeçaria em Portugal, António Rodrigues.
«Mas alguém, de Portugal, teve de levar para lá os desenhos tradicionais e teve de lá ir ensinar os chineses a fazer o ponto de Arraiolos», adverte Ana Maria Cardoso, especialista na arte do tapete de Arraiolos e uma das responsáveis por uma casa que restaura e ensina a fazer tapetes de Arraiolos, em Alvalade, Lisboa.
Qualidade?
Se foi com o aparecimento das grandes superfícies em Portugal que surgiram os tapetes chineses, foi mais tarde, como o tempo, que estes ganharam em qualidade, mas sempre ao mesmo preço.
«Só um especialista consegue distingui-los», garante António Rodrigues. «É praticamente impossível alguém conseguir dizer se um tapete é feito em Portugal ou na China», vai mais longe a outra responsável pela casa de Alvalade, Maria do Amparo Seabra.
É que, com o passar do tempo, os chineses, mais do que aperfeiçoar a técnica, passaram a usar as mesmas matérias-primas que são usadas em Portugal. Há empresas portuguesas de tapeçaria que apenas importam os tapetes à China mas outras há que, além disso, enviam para o Oriente jutas e lãs idênticas às que dão forma aos tapetes de Arraiolos no país de origem. «Antes, era mais fácil observar as diferenças: as lãs eram de menor qualidade. Agora já não», explica Maria do Amparo Seabra.
... e preço
Se a qualidade é idêntica, os preços não. Um genuíno Arraiolos tem um custo de produção muito elevado: o preço médio do metro quadrado anda na casa dos 200 euros e uma tapeceira, a trabalhar oito horas por dia, leva quinze dias a bordar os correspondentes 40 mil pontos! Muito tempo para as encomendas?
Na China, o mesmo metro quadrado fica a menos de metade do preço. «Lá trabalha-se por uma chávena de arroz», lamenta Ana Maria Cardoso.
Jogo falseado
Arraiolos não é uma localidade grande. Por isso, a produção de tapetes expandiu-se um pouco por todo o país, até para fornecer as casas da localidade.
A chegada dos chineses ao mercado foi um duro golpe para os comerciantes. E já há quem venda gato por lebre. «Nós, na Tricana, também fazemos troca de tapetes. Há alguns anos, uma senhora que nos comprou um tapete quis trocar um antigo Arraiolos. Até nos deu a factura da casa onde o tinha comprado, uma conhecida casa de Arraiolos. O meu espanto foi ver que o tapete era chinês! A senhora tinha comprado gato ao preço de lebre», conta António Rodrigues.
«Nós não o fazemos, controlamos toda a nossa produção», assegura o gerente da Casa dos Tapetes de Arraiolos, António Moreira. «Mas há colegas a falsear o jogo.»Fonte:
Suplemento Sexta do jornal A Bola

3 comentários:

isabel tiago disse...

Bom dia

Em primeiro lugar ácerca dos lenços dos namorados só lhe posso dizer que uma ex-colega comprou um recentemente, em Viana do Castelo, com cerca de 25 cm, quadrado, e custou-lje trinta e sete euros. Eu visitei uma exposição desses trabalhos na "Arte da Terra" junto à Sé de Lisboa e vi lá exemplares a 380 Euros, embora bordados com o mesmo tema, mas em ponto de crus e que foi o ponto inicial dado a esses lenços. Eu fiz um post com um breve resumo das história dos lenços. São bastante dispendiosos mas para quem gosta.... não há mas.

Com respeito aos Arraiolos é o que se sabe. As lãs e os materiais até podem ir de cá para a China mas também o nosso vinho do Porto pode ir para lá e aí o que seria? Vinho da Região Demarcada do Porto ou Vinho do Porto fabricado na China? Se os Tapetes de Arraiolos puderem ser certificados, talvez como os bordados da Madeira e os próprios enços dos namorados e tantas outras coisas nossas que estão assim protegidas, eles possam vir a recuperar o antigo prestígio. Tanbém já visitei uma exposição/venda de Tapetes de Arraiolos, no Estabelecimento Prisional de Tires, na linha de Cascais e parte deles são feitos por homens. Gostei de poder ir áquele outro mundo. Quem os faz ganha algum dinheiro e a monitora desse sector é uma guarda prisional que também participa, fazendo por exemplo: franjas. Acompanhou-nos e deu-nos bastantes esclarecimentos.

isabel tiago disse...

Boa tarde Diana

Ainda a problemática dos tapetes chineses: as pessoas actualmente querem é ter, se for mais barato melhor.
Um dia destes fui à consulta de cardiologia e a Dra. tinha um lindo tapete de Arraiolos, por acaso perguntei-lhe: era chinês....Que pena. Como é um produto um pouco fora dos nossos orçamentos as pessoas estão a recorrer ao importado. Assim vão as nossas artes morrendo.

Desejo-lhe um bom fim de semana.

Anónimo disse...

Boa noite,
O meu nome e Maria Ana e estou a estudar design textil.
Estou a escrever a minha tese sobre este tema e queria perguntar se por acaso sabem a diferenca dos precos dos tapetes de arraiolos verdadeiros e dos falsos?
De facto e uma grande tristeza!!!
Obrigada!